3/27/2005

CAPÍTULO 5
O céu e a terra não são bondosos
Tratam os dez mil seres como cães de palha
O Homem Sagrado não é bondoso
Trata os homens como cães de palha
O espaço entre o céu e a terra assemelha-se a um fole
É um vazio que não distorce
Seu movimento é a contínua criação
O excesso de conhecimento conduz ao esgotamento
E não é melhor do que manter-se no centro
TAO TE CHING
O Livro do Caminho e da Virtude
Lao Tse

3/21/2005

Confúcio

Confúcio, também conhecido como K'ung Ch'iu (Mestre Kong), nasceu em meados do século VI (551 a.C.), em Tsou, uma pequena cidade no estado de Lu, hoje Shantung. Este estado é denominado de "terra santa" pelos chineses. A família de Confúcio estava longe de ter muitas riquezas, embora seja dito que ele tinha descendência aristocrática. O seu pai, Shu-Liang Hê, outrora magistrado e guerreiro de certa fama, tinha setenta anos quando casou com a mãe de Confúcio, uma jovem de quinze anos chamada Yen Chêng Tsai, que diziam ser descendente de Po Ch'in, o filho mais velho do Duque de Chou, cujo sobrenome era Chi. Dos onze filhos, Confúcio era o mais novo.
Quando tinha três anos de idade o seu Pai morreu, sendo então obrigado a trabalhar desde muito novo para ajudar no sustento da família. Aos quinze anos, resolveu dedicar suas energias à busca do conhecimento. Em vários estágios de sua vida empregou suas habilidades como pastor, vaqueiro, funcionário e guarda-livros. Aos dezenove anos casou-se com uma jovem chamada Chi-Kuan. Apesar de se divorciar alguns anos depois, Confúcio gerou um filho, K'ung Li, que nasceu um ano após seu casamento, e uma filha.
Confúcio viveu numa época em que a China se encontrava dividida em estados feudais que lutavam pela supremacia do poder, estas guerras eram seguidas de execuções em massa, soldados eram pagos para trazer as cabeças dos seus inimigos. Populações inteiras eram dizimadas através da decapitação de mulheres, crianças e velhos, o numero de mortes era assustador. A longa e complexa história política do povo provocou a desunião e diversidade, que estavam refletidos nas características sociais e culturais da Dinastia Chou. A renascença social e moral advogada por Confúcio não tinha aprovação universal, principalmente nos círculos de poder, e seu ardente desejo era um posto governamental. Foi então que aos trinta anos ele deixou Lu e viajou para o Estado de Ch'i em companhia do Duque Chao, que fugia por ser o perdedor de uma dura luta política.
Aos 51 anos de idade foi indicado como funcionário chefe da cidade de Chung Tu e, pelo seu desempenho chegou a ser promovido ao posto de Oficial dos Serviços Públicos, e depois, ao de Grande Oficial da Justiça em sua província. Aos 55 anos partiu numa jornada de treze anos visitando os estados vizinhos e falando aos senhores feudais sobre suas idéias. Foi recebido como um erudito, mas nenhum dos governantes pensou em colocar essas idéias em prática.
Confúcio acreditava que a implementação de seus pontos de vistas pelo governo estabeleceria a utopia do "estado como um bem público", e prepararia o caminho para paz entre os homens.
Regressou a sua terra natal quando tinha 68 anos, onde continuou a dedicar-se ao ensino de um grupo de discípulos. A escola privada, fundada por Confúcio, cresceu a ponto de ter 3.000 alunos, dos quais setenta e dois eram os seus discípulos mais eruditos. Ele tentou transformá-los em Jens, seres humanos perfeitos que praticassem o exercício do amor e da bondade. Segundo seus ensinamentos, a sociedade humana deve ser regida por um movimento educativo, o qual parte de cima, e equivale ao amor paterno, e por outro de reverência, que parte de baixo, como a obediência de um filho. O Confucionismo considera o homem bom e possuidor do livre arbítrio, sendo a virtude sua recompensa. O único sacrilégio é desobedecer à regra da piedade.
Grandes Frases de Confúcio
"Aquele que for realmente bom nunca poderá estar infeliz"

"Aquele que for realmente sábio nunca poderá estar confuso"
"O sábio não se aflige por não ser conhecido dos homens; ele se aflige por não conhecê-los."
Autor Desconhecido

3/14/2005

CAPÍTULO 4
O Caminho é o Vazio
E seu uso jamais o esgota
É imensuravelmente profundo e amplo, como a raiz dos dez mil seres
Cegando o corte
Desatando o nó
Harmonizando-se à luz
Igualando-se à poeira
Límpido como a existência eterna
Não sei de quem sou filho
Venho de antes do Rei Celeste


TAO TE CHING
O Livro do Caminho e da Virtude
Lao Tse

Por que o nome Kung Fu?

Antigamente, Kung Fu era uma expressão que no dialeto cantonês, queria dizer “trabalho”, “jornada de trabalho” ou “saber fazer” dependendo da forma que era encontrada no texto. Hoje em dia, ela é mundialmente conhecida, mas na realidade, esta palavra nada tem a ver com técnicas de combate. Fora do Cantão (região sul da China) não era conhecido, porque não aparecia em gramáticas. A expressão gramaticalmente correta para designar arte marcial é KUOSHU ou WU SHU, originada do Mandarim (vale lembrar que após 1945, Mao Tse Tung designou o Mandarim como língua oficial chinesa). Alguém poderia perguntar: porque então foi escolhida a palavra “Kung Fu” e não “Kuoshu ou Wu Shu” para representar Arte Marcial? Muito simples: os primeiros imigrantes chineses eram de Cantão, que é uma região ao sul da China e litorânea. O acesso ao mar para esses imigrantes era mais fácil que para outras regiões da China. Estas pessoas espalharam-se por todo o mundo: Europa, África, Oceania e Américas, para tentar ganhar a vida e ter melhores condições de sobrevivência do que a que possuíam no seu país de origem. Sendo um povo de costumes diferentes no início, para eles, não era fácil comunicar-se com outras pessoas, principalmente porque o idioma chinês era complicado e só eles mesmos compreendiam. Na sua vida diária como cozinheiros, lavradores e outras profissões, sempre reservaram um tempo de lazer para treinar movimentos de katis e lutas que aprenderam na China. Por outras vezes, eram perseguidos por serem de origem oriental e provocados para brigas. Sabe-se que a estrutura física do chinês é franzina. São pessoas geralmente pequenas e, na maioria das vezes, ganhavam lutas com homens maiores do que eles. Evidentemente, isso causava surpresa aos habitantes locais de qualquer país. Que técnica era essa que um homem tão pequenino podia bater com facilidade em qualquer grandalhão? Na sua curiosidade, as pessoas indagavam aos chineses como se chamava cada técnica, essa “coisa estranha” que eles dominavam tão bem. Aí começava a confusão de idiomas. Os chineses queriam explicar que, para saber tais movimentos, era necessário treinar muito, era preciso dedicar algumas horas por dia a essas técnicas, enfim, que era um trabalho árduo, conseguir tal condição física para luta. Então como não tinham o vocabulário suficiente para conversar, respondiam simplesmente “É KUNG FU” (o que significava: “trabalho intenso para ficar bom nisso, ou simplesmente saber fazer”) e paravam por si. Por outro lado, as pessoas passaram a interpretar que aqueles chineses cantoneses praticavam uma luta de nome KUNG FU. E foi assim que se espalhou pelo mundo uma palavra em cantonês, (quando hoje, na China, fala-se o mandarim, oficialmente) graças àqueles primeiros imigrantes do Sul. Além de Kung Fu, existem outros termos para as artes marciais chinesas: Kuen Su (arte dos punhos), Wu Shu (arte marcial) e Kuo Shu (arte nacional). Porém, nenhum desses termos conseguiu ser tão popular e conhecido como o “Kung Fu”. Kung Fu é, além de uma forma saudável de exercícios físicos e sistema de defesa pessoal altamente eficientes, um benefício mental e espiritual aos praticantes. O corpo de um indivíduo não pode agir sem a interferência da mente e esta deve ser orientada a acalmar o espírito. A prática do verdadeiro Kung Fu exige que os ensinamentos influenciem no dia-a-dia, em cada aspecto de vida do praticante. O Kung Fu une mente, corpo e espírito. Habilita as ações harmoniosas entre os elementos da vida de um ser humano. O termo KUNG FU significa “TEMPO DE HABILIDADE” esse termo é usado para designar o TEMPO DE HABILIDADE NO DOMÍNIO DE UMA ARTE, seja ela qual for.A existência de vários estilos de KUNG FU, tanto no sul quanto ao norte da CHINA, deve-se à situação geográfica do meio ambiente, onde se praticam esses estilos.Os estilos dos que viviam nas montanhas diferenciam-se dos que vivem em planície, nos pântanos ou sobre as barcas, nos rios e nas orlas marítimas e em outras regiões da China. E assim, surgiu o conceito “NAKUEN PATTUI”, que significa: MÃOS NO SUL E PÉS NO NORTE.Os habitantes das regiões montanhosas, do norte, possuem pernas bastante fortes, habituados aos exercícios no solo acidentado, desenvolveram técnicas voltadas para o domínio dos membros inferiores.Já os habitantes do sul, que vivem sobre as barcas, se especializaram no uso dos membros superiores, por causa da flutuação que exigia o apoio das pernas.Os habitantes do sul também desenvolveram os membros superiores, devido ao trabalho nas plantações de arroz. Onde eram obrigados a trabalhar com água pelos joelhos, já que o plantio era feito nos terrenos alagados das grandes planícies.Há também as influências religiosas que dividem os estilos do sul e do norte, com os pensamentos confucionistas e taoísta, que deu origem as escolas internas (NEI CHIA) e aos templos Budistas (CHAN) deram origem as escolas externas (WAI CHIA) . A harmonia que deve existir em um praticante de Kung Fu também deve ter origem na “escola” de Kung Fu é ensinado ao discípulo: respeito aos instrutores, respeito ao próximo e a sociedade em que vivem. Em todos os estudantes, repousa a responsabilidade no cuidado com o próximo e com a escola (e com o estilo em si). Dessa forma, uma escola de Kung Fu age como uma família. Na tradição chinesa os membros de uma escola são denominados “irmãos” (si-hing). O mestre visto neste contexto como “pai” da escola e recebe mais respeito que um professor. O mestre da escola de Kung Fu é conhecido pelo respeitoso termo “Si-fu” e não é apenas um professor de artes marciais, mas sim responsável em guiar e agir como exemplo para os discípulos.
Adilson Kudzin

Sun Wu-Kung, o Macaco-Rei

Sun Wu-Kung é o nome do Macaco Rei. Sun, seu nome de família, é baseado na palavra chinesa para "macaco". Wu-Kung significa "peregrino" e lhe foi dado por seu primeiro instrutor, um pregador taoísta. Ele também é conhecido como Charmoso Macaco Rei, Macaco da Mente e Pi Ma-Wen, embora este último seja considerado quase um insulto e seu uso o deixe enraivecido. Sun Wu-Kung é um dos principais personagens do clássico conto "Viagem para o Oeste", sobre o monge tang Tripitaka e sua jornada para o Céu Ocidental em busca das escrituras sagradas de Buda, a fim de trazê-las de volta para a China.
Sun Wu-Kung nasceu do caos primordial, saindo de um ovo de pedra chocado pelo céu. Ele governou um reino de macacos em uma ilha remota, adotando o nome de Charmoso Macaco Rei. Certo dia, um macaco ancião morreu e o Charmoso Macaco Rei decidiu deixar a ilha para aprender como se tornar imortal.
Ele viajou pelas terras dos humanos e finalmente encontrou uma montanha onde um pregador taoísta o aceitou como discípulo. Macaco demonstrou ser um estudante profícuo em artes marciais, transformações mágicas e dança nas nuvens, uma arte que o permitia percorrer milhares de quilômetros com um só salto. Mas o Charmoso Macaco Rei era desobediente e finalmente foi expulso do local.
Ele voltou para sua ilha, destruiu monstros que haviam resolvido morar por lá e logo voltou seus olhos para o céu, acreditando ser tão poderoso quanto os deuses. Ele adotou o nome de O Grande Sábio, Uno Com o Céu e exigiu que o Imperador de Jade o reconhecesse como tal. Percebendo seu poder, o Imperador de Jade atendeu seu pedido e indicou o Macaco para a posição de Pi Ma-Wen... que significa "limpador dos estábulos". Macaco ficou agradecido pelo título e alegremente cumpriu suas tarefas até que percebeu que era um trabalho menor e que os outros deuses estavam rindo dele. Enraivecido, ele atacou o céu, roubando e comendo as pêras da imortalidade que estavam reservadas para um festival e consumindo as pílulas da imortalidade preparadas por Lao Tsé.
Macaco voou de volta para sua ilha e estabeleceu defesas contra os deuses que os perseguiam. Durante a batalha, ele e seu exército de macacos várias vezes desfecharam golpes terríveis nas forças celestes. Finalmente, Lao T´se, o Boddhisattva Kuan Shi-Yin e a família Deveraja conseguiram subjugá-lo. O Imperador de Jade tentou executá-lo, mas a magia do Macaco era forte demais. Ele foi colocado no caldeirão de Lao Tsé para ser exterminado, mas isso apenas o refinou e ele escapou para causar perturbações no céu mais uma vez. Finalmente, o Imperador de Jade pediu que o próprio Buda o ajudasse. Buda respondeu e fez uma aposta com o Macaco. O Macaco perdeu e foi aprisionado sob uma montanha, onde foi atormentado por 500 anos.
Kuan Shi-Yin providenciou sua libertação, indicando o polêmico macaco para ser guarda-costas do santo monge que iria atravessar a China até o Céu Ocidental para recuperar as escrituras do próprio Buda. Isso acabou sendo mais duro que parecia, já que Tripitaka, o monge enviado na missão, havia tido uma vida de virtudes em suas últimas dez encarnações. Isso significava que comer sua carne poderia garantir imortalidade aos monstros, o que tornou o monge constante alvo de ataques de demônios.
Mas a essa altura o Macaco havia adquirido e desenvolvido vastos poderes, o que fazia dele um guarda-costas formidável. Ele sabia realizar 72 transformações e assim conseguia metamorfosear-se em seres do tamanho de uma pulga ou de um imenso gigante. Além disso, cada um de seus pêlos também podia se transformar; assim, arrancando alguns deles e mastigando-os, ele podia produzir um exército de cópias de si mesmo. Ele podia ainda se disfarçar como qualquer criatura que já houvesse encontrado e somente os deuses eram capazes de distingui-lo dos seres originais. Sua visão era excelente e ele conseguia enxergar monstros a 10 mil milhas de distância durante o dia. Ele também possuía uma arma mágica, que havia ganhado dos Reis Dragões do oceano. Ele a chamava de seu Bastão de Submissão, uma vara de metal que mudava de forma e que pesava várias toneladas. Ele normalmente a usava atrás de sua orelha, sob a forma e o tamanho de um palito de dentes, mas quando a batalha se aproximava o bastão assumia sua verdadeira forma e ainda podia gerar milhares de cópias.
Em sua forma normal, o Macaco era uma criatura pequena, com feições simiescas e membros fortes. Quando viajava entre os humanos, sua forma e postura se tornavam mais humanóides, mas ele mantinha seu rosto de macaco, o corpo peludo e seu rabo. Após ter sido cozinhado no caldeirão de Lao Tsé, seus olhos viraram diamantes e suas pupilas eram de um vermelho ardente.
Ele teve que vigiar o monge durante quase toda a jornada, tornando-se seu discípulo, ao lado de Chu Pa-Chieh, o Monge Sha e o Cavalo Dragão. Enfrentou vários monstros, alguns deles antigos aliados de seu próprio passado monstruoso. Finalmente, as escrituras foram resgatadas e Sun Wu-Kung se tornou o Buda da Vitória Pela Persistência.
Sun Wu-Kung é às vezes chamado de Sun Hou-Zi ou associado ao deus hindu Hanuman, símbolo da Devoção e do Serviço.

(Texto baseado em verbetes da Encyclopedia Mythica)
Texto de Origem Desconhecida

3/13/2005

O Sábio e o Passarinho

Há um certo tempo, numa pequena vila localizada numa província da China, existia um sábio que possuía todas as respostas.
Nesta mesma vila havia um menino, esperto e muito agitado.
Num determinado dia este menino decidiu desafiar o sábio, fazendo-lhe uma pergunta que não poderia responder. O garoto pensou:
“Vou pegar um filhote de passarinho e segura-lo em uma de minhas mãos escondendo-o atrás das costas. Então vou até o sábio e pergunto; O que tenho em minhas mãos? Se ele acertar, faço a segunda pergunta, a qual ele não poderá responder; E ele está vivo ou está morto? Se o sábio disser que ele está morto, mostro o passarinho vivo, mas se ele disser que o passarinho está vivo, eu aperto o pescoço do filhotinho e mostro-o morto. Não há como o sábio acertar”.
Assim o menino fez, pegou o filhote de passarinho e foi até o sábio.
- O que eu tenho em minhas mãos?
- Um filhote de passarinho.
- E ele esta vivo ou está morto?
O Sábio parou, pensou e disse:




“Depende de VOCÊ!”



Conto Popular

3/11/2005

CAPÍTULO 3
Não valorizando os tesouros, mantém-se o povo alheio à disputa
Não enobrecendo a matéria de difícil aquisição, mantém-se o povo alheio à cobiça
Não admirando o que é desejável, mantém-se o coração alheio à desordem
O Homem Sagrado governa
Esvazia seu coração
Enche seu ventre
Enfraquece suas vontades
Robustece seus ossos
Mantém permanentemente o povo sem conhecimentos e desejos
Faz com que os de conhecimento não se encorajem e não ajam
Sendo assim
Nada fica sem governo
TAO TE CHING
O Livro do Caminho e da Virtude
Lao Tse

3/09/2005

Capítulo 2
Quando o mundo percebe que a beleza é a beleza, a feiúra é criada
Quando percebe que o bem é o bem, o mal é criado
Assim o ser e o não ser geram um ao outro
A difícil e o fácil trazem um ao outroLongo e curto revelam um ao outro
Alto e baixo suportam um ao outro
Música e voz harmonizam um ao outro
Frente e trás seguem um ao outro
Portanto o sábio:
Consegue trabalhar sem agir
E ensinar sem palavras
Trabalha com inúmeras coisas mas não as controla
Cria mas não possui
Age mas não tem expectativas
Tem sucesso mas não se apega ao sucesso
E é porque não se apega ao sucesso
Que dura eternamente
TAO TE CHING
O Livro do Caminho e da Virtude
Lao Tse

Lao Tse

Segundo o cânon taoísta, Lao Tse nasceu na província de Na Hue, na cidade de Guo Yang, no 25º dia da segunda lua do ano Ken-Tzen da era Wu-Tin (no período entre 1324 – 1408 A.C.). As circunstâncias do seu nascimento foram extraordinárias. De acordo com a tradição, sua gestação demorou oitenta e um anos. Lao Tse foi concebido quando sua mãe engoliu uma pérola de luz, transformação da Transparência Sublime* em sopro, através da essência do Sol. Seu pai era um famoso alquimista da dinastia San que ascencionou com mais de cem anos, envolvido pelos dragões celestiais. Sua mãe era considerada a encarnação do Sopro Yin do Céu-Anterior, sendo ao mesmo tempo sua mestra. Lao Tse nasceu do lado esquerdo das costelas da sagrada mãe, no jardim da família sob uma árvore de nome Li (ameixeira), com cabelos brancos e orelhas grandes. Por isso, recebeu o nome de Lao Tse (filho velho) e Li Er (orelha grande da ameixeira). Lao Tse tem também sentido de Senhor do Fim e do Princípio, já que velho representa o fim enquanto filho representa o início.
Sua juventude foi vivida no condado de K´u localizado entre Long San (Monte Dragão)e Guo Sue (Rio Guo). Quando o imperador tirano Zhou assumiu o poder, Lao Tse mudou-se para a região sul do Chi San, no território do Rei Wen, fundador da dinastia Chou. Foi convidado pelo rei Wen para ser responsável pela biblioteca real. Mais tarde, foi nomeado para o cargo de historiador real, permanecendo como tal até o 19º dia da quinta lua do 25º ano da era do rei Zhao, quando solicitou dispensa e retornou à sua terra natal, acompanhado do escudeiro Shü Jia. No mesmo ano, Lao Tse iniciou sua grande viagem para o ocidente, com intuito de chegar aos reinos da atual Índia, Afeganistão e Itália. Durante a viagem, permaneceu algum tempo na fronteira de Yü Men e aceitou o oficial-chefe da fronteira como discípulo. Ditou-lhe vários escritos, entre eles o Tao Te Ching. Muitos anos depois, teve sua ascensão no deserto de Gobi, durante a qual emanou raios de luz em cinco cores, transformando-se em corpo de luz dourada e desaparecendo no céu. Após sua ascensão, Lao Tse habitou o Tai Wei Gon (Palácio da Sublime Sutileza) do Céu-Anterior e dividiu seu corpo para retornar novamente à terra, encarnado como filho único do senhor Li Po Yang da província Shu.
Na sua nova jornada veio acompanhado do dragão azul do Imperador Celestial Chin Hua, transformado em carneiro azul. Depois de uma longa peregrinação, seu discípulo Yi Shi, o oficial da fronteira, foi atraído por um carneiro de pêlo azul dourado. Yi Shi encontrou, na aldeia da família Li, a nova encarnação de Lao Tse. Diante de seu discípulo, a criança Lao Tse, de três anos de idade, revelou sua verdadeira imagem. Seu corpo cresceu, transformando-se em luz dourada branca. Cercado de inúmeros imortais celestiais, Lao Tse pronunciou mais um ensinamento: o Tratado Maravilhoso do Princípio Solar do Tesouro do Espírito (Ling Bao Yuan Yang Miao Ching). Após concluir seu ensinamento, os duzentos membros da família Li ascencionaram seguidos por Lao Tse e Yi Shi. Isso aconteceu no dia 28 de abril de 1118 A.C. Depois do segundo nascimento e ascensão, Lao Tse ainda retornou inúmeras vezes para transmitir os ensinamentos e para ordenar as novas tradições. Por isso, é chamado pelos taoístas como Sublime Patriarca do Caminho.

* A Transparência Sublime (Tai Chin): a Transparência de Jade (Yü Chin) e a Transparência Superior(São Chin) formam o conceito teológico de Absoluto taoísta.
Wu Juh Cherng

3/07/2005

Kuan Kun

Divindade protetora das academias de artes marciais(enfoque específico), dos negócios e de tudo que envolva retidão, justiça e coragem. Enquadra-se na categoria de personagens históricos que, por esses atos e pelo reflexo desses sobre o imaginário popular, acabaram transformados em divindades. É um dos personagens mais queridos do folclore chinês, o que faz com que seja um dos mitos mais ricos em histórias, lendas e até escritos e peças teatrais.
Kuankun é um dos mais conhecidos heróis do chamado Período ou Era dos Reinos Combatentes (período histórico situado entre 453 e 221 a.C., quando os reinos de Wei, Wu e Shu, Chi, Yueh e Chin disputaram a supremacia do velho império - o nome China teria nascido de Chin, o reino vencedor); teria vivido entre 160 e 219 a.C.
Entre as histórias que lhe são atribuídas está a que afirma que ele teria sido um rapaz comum do campo que teve que fugir de casa depois de salvar uma garota das mãos de um magistrado cruel. Ele matou o magistrado e, para fugir, ingressou no exército de um dos reinos que então formavam a China.
Outra lenda narra seu encontro com Chang Fei e Liu Pei, do reino de Shu, com quem formaria uma das mais importantes trincas de heróis-divinizados da antiga China. A caminho da conscrição, Kuankun teria encontrado Chang Fei, um açougueiro que desafiava qualquer pessoa a erguer do chão uma pedra de 180 kg, sob a qual estava um grande pedaço de carne. Até então, ninguém havia vencido. Aceitando o desafio, Kuankun ergueu a pedra e se apoderou da carne, provocando a ira de Chang Fei. Os dois começaram uma briga violentíssima, que só foi encerrada com a intervenção de Liu Pei. Mais tranqüilos, perceberam que tinham muitas coisas em comum e se tornaram amigos. Em um campo de pessegueiros, os três fizeram um juramento de amizade pelo qual se obrigavam a viver e a morrer juntos (para muitos chineses, este acordo é um exemplo de ideal de amizade).
Como soldado, venceu muitas batalhas até ser capturado pelo rei de Wu, Sun Ch´üan. Por não se render, foi condenado à morte e executado na localidade de Hsiangyang, em Hupei. A tumba contendo seu corpo estaria localizada em Tangyang e sua cabeça teria sido sepultada em Loyang (Henan), uma localidade situada ao lado do mosteiro de Shaolin.
Sua arma, o Kuan Tao (Kuan To ou Ka Wan Tou) - "espada de Kuan" faz parte do universo de armas do Kung-Fu, sendo praticada na forma de rotina (katy) em vários estilos (inclusive no Shaolin do Norte). O nome da arma, segundo a lenda, é "Dragão Verde".
Características físicas:
As lendas mostram esta transformação do homem comum em divindade: segundo o folclore, Kuankun teria 2,70 metros de altura e uma barba de 60 cm; a face seria vermelha "como uma jujuba", seus olhos semelhantes aos de uma fênix e suas sobrancelhas, semelhantes a minhocas. Nos templos, muitas vezes é representado junto com seu cavalo "Lebre Vermelha" ou, então, cercado por seus auxiliares, o filho adotivo Kuan P´ing e o escudeiro Chou T´sang.
Uma das lendas relacionadas ao Kuankun afirma que ele teria sido fecundado por uma divindade solar e que sua mãe, ao invés de ter um parto normal, teria botado um ovo. O marido, com medo do que pudesse sair do ovo e furioso com o filho que, ele desconfiava, não era seu, tentou destruí-lo quebrando a casca antes que eclodisse. O menino lá dentro estava quase que totalmente formado, a não ser pela face (ainda ver- melha). Mesmo tendo vindo ao mundo antes do tempo, o garoto sobreviveu e cresceu, vindo a se tornar um herói. Não perdeu, porém, o rosto vermelho, fruto da ira de seu pai.

Informação inicial- Texto de Origem Desconhecida

Fonte (Segundo Comentário)
www.shaolincuritiba.com.br
Rodrigo Wolff Apolloni

3/06/2005

CAPÍTULO 1
O caminho que pode ser expresso não é o Caminho constante
O nome que pode ser enunciado não é o Nome constante
Sem-Nome é o princípio do céu e da terra
Com-Nome é a mãe de dez mil coisas
Assim, a constante não-aspiração é contemplar as Maravilhas
E a constante aspiração é contemplar o Orifício
Ambos são distintos em seus nomes mas têm a mesma origem
O comum entre os dois se chama Mistério
O Mistério dos Mistérios é o Portal para todas as Maravilhas
TAO TE CHING
O Livro do Caminho e da Virtude, Lao Tse